sábado, 25 de setembro de 2010

Olhar e Imagem

A Fotografia em Curso e como Recurso

            Ao pensar nas possibilidades fotográficas, aquela que me desperta prazer e emoção é a que retrata uma visão crítica e fidedigna da realidade através do olhar do fotógrafo.
            Na obra “O Olhar” (1988), Marilena Chauí aborda de modo filosófico o olhar como janela da alma, espelho do mundo. Por essa perspectiva, o fotógrafo pode transparecer sua essência quando registra, de forma pura e simples, o mundo que vê. Com seu modo de olhar o real, ao mesmo tempo de forma objetiva e subjetiva, ele possibilita às pessoas a compreensão de um retrato de mundo através de uma imagem retirada de sua alma.
            A imagem fotográfica deve ser pensada, estudada, ao mesmo passo que também seja espontânea. Contudo, creio que a ação espontânea proporcione mais fidelidade ao olhar do fotógrafo, deixando-o mais belo e essencial. Fotografias meticulosamente pensadas perdem sua pureza e passam a deixar sua esfera “essência” em segundo plano. Não quero dizer que grandes obras nascem apenas do acaso, mas sim que o acaso deve permear e delinear o pensamento objetivo buscado em uma composição fotográfica. Desse modo, o fotógrafo produz o que considera ser mais interessante por meio de seu olhar.
            O que um fotógrafo percebe no determinado instante da captura de uma imagem é regado de um sentimento próprio, e posteriormente poderá ser sentido por muitos, das mais distintas maneiras. A fotografia proporciona a fluidez da mente através do olhar.
            Não vejo a fotografia apenas como um recurso, mas também como um acontecimento. A junção do que vemos ao que sentimos; do que vivemos ao que imaginamos. É possível ir além. É possível transcender horizontes físicos e psíquicos quando o olhar fotográfico atinge a alma. Penso que fotografar é uma maneira de fluir. Fluir é apenas ser. Ser é essencial para uma fotografia plena.

Video-Poesia Horizontes